FRANCISCO

Ontem havia um sol acendendo alguma esperança

Na cidade neurótica que avança tropeçando no próprio caos

Seus hospitais cheios são agora

Portos escuros só de partidas

De repente um raio do nada irrompido

Um velho coração se faz em pedaços, partido

E a alma tonta desliza por terras estranhas

Agora Francisco, não tomarás mais comprimidos!

O cansaço da face de bronze, foi exaurido

Há apenas suas mãos cruzadas e brandas

Um modelo, esse seu gozo, constante

Esta fé no amanha, não usual, desconcertante

E uma banana sempre pronta pro pessimismo

Segui sua luta diária no painel do improviso

No balanço ainda que negativo das perdas

A dor nunca foi capaz de lhe matar o sorriso

Escolheste assim, antes de tudo viver!

Esticar o laço até onde fosse possível

A se entregar ao cabresto dos limites do corpo

Eis Francisco, agora apenas uma silhueta na vidraça rompida

Uma nova estrela que se acende, sentida

No céu doído de ausências de cada um!

Ao amigo

Dr Francisco Navarro Gordo Perez – 57

Enfartado ontem às 5.00hs da tarde

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 07/02/2012
Reeditado em 30/01/2016
Código do texto: T3485063
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