FRANCISCO
Ontem havia um sol acendendo alguma esperança
Na cidade neurótica que avança tropeçando no próprio caos
Seus hospitais cheios são agora
Portos escuros só de partidas
De repente um raio do nada irrompido
Um velho coração se faz em pedaços, partido
E a alma tonta desliza por terras estranhas
Agora Francisco, não tomarás mais comprimidos!
O cansaço da face de bronze, foi exaurido
Há apenas suas mãos cruzadas e brandas
Um modelo, esse seu gozo, constante
Esta fé no amanha, não usual, desconcertante
E uma banana sempre pronta pro pessimismo
Segui sua luta diária no painel do improviso
No balanço ainda que negativo das perdas
A dor nunca foi capaz de lhe matar o sorriso
Escolheste assim, antes de tudo viver!
Esticar o laço até onde fosse possível
A se entregar ao cabresto dos limites do corpo
Eis Francisco, agora apenas uma silhueta na vidraça rompida
Uma nova estrela que se acende, sentida
No céu doído de ausências de cada um!
Ao amigo
Dr Francisco Navarro Gordo Perez – 57
Enfartado ontem às 5.00hs da tarde