O velho e a mesa
O velho e a mesa
Num entrelaço de palavras
sem por os pés a cá do portão
entre o plano do medo e solidão
vagão de cadeiras, coração vazio
O velho e a mesa
acetinada íris apontam o céu
de sonhos concretados em raizes vivas
sapatos de virtudes nunca desatinados
Desatinados sapatos que nunca desandaram
O velho e a mesa
Os uivos invisíveis dos cachorros internos
que rasgam na surdina meus desejos mais puros
O velho e a mesa
nos perpendiculares vãos do ouvir calado
as projeções da música da vida
Desvendando os coices da imagem televisiva
misturando-se às feses do monstro amor
O velho e a mesa
no branco e preto da alma
desligo a tomada nas profundas tragadas
para o meu sol nascer contente
O velho na mesa aos passos
Do gelo e flores a caminho do nada