O VENTO
Minh'alma lacrimeja
gotas de sangue
enquanto espera solene
o sonido estridente
sinal de sua presença
na distância do tempo
Ele não chega...
e a calma ensurdecedora
no ar se alastra
com a dor que sangra
a saudade que mata
tortura que afaga
o fel que se prova
tem sabor de veneno
Lembranças se achegam...
imagens caladas
palavras murmuradas
gestos amenos
carícias roubadas
langor sussurrado
Corações que se amam
entorpecem o âmago
fechando as feridas
que o vento deixou
O vento inimigo
viaja perdido
se foi pra bem longe
causar dissabores
além do horizonte
Porém de repente
num gesto imprudente
cruel vendaval
insiste em voltar
trazendo consigo
as marcas severas
feridas abertas
que fazem chorar
Ah! vento malvado
impiedoso passado
que quer me afogar
num rio de lamentos
de prantos e mágoas
saudade infinita
do rosto do mar.
Não deixe que o vento
terrível rebento
torne a me machucar
Mande-o embora
que vá sem demora
agora, pra sempre
e não ouse voltar.