DIÂMETRO ONTOLÓGICO

Se fosse possível medir o diâmetro da dor

Se fosse possível medir a inconsistência de tudo

Talvez emergisse soberanamente o amor

E a tristeza se transformaria em escudo

Se fosse possível dividir lágrimas e risos

Entre curtas noites de azar e longos dias de fé

Talvez voássemos como ventos Elíseos

E esqueceríamos o que o destino, em si, quer

Ah, se fosse viável apenas não mais existir

Este corpo que então nos prende à cruz das dores

Talvez fôssemos somente pássaros voando ali

Talvez o ódio se rendesse aos mais sutis amores

Ah, se o dever da existência não nos aturdisse

Como fardo imponente em todo vão momento

Talvez escapássemos de toda a imundície

Talvez dançássemos como dança o vento

Mas apenas o céu desaba sobre as emoções

Enquanto corremos atônitos de nossa própria sina

Ou entoamos as mais lídimas canções

Medindo o diâmetro da dor em cada cor sem rima

Então as estrelas caem como lágrimas do céu

Em meio a um vendaval de sentimentos confusos

Que extraem do amor cada sublime cor sem véu

Medindo o diâmetro da dor em sonhos tão profusos.

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