Pouco tenho ouvido a minha criança interior
Ando por aí exaltando mímicas de fascinação
Numa adaptação inexistente
E uma saudade vadia
Do tempo em que a vida era direita, ou era esquerda
Mas eu sabia(pensava saber) onde meus pés estavam à pisar
Não gosto de reclamar, mas meu coração dói, às vezes...
E essas vezes são comuns
Não de igualdade, mas de recorrência
O que é um raro porquê, na verdade, dissolve-se logo
E mesmo que tudo se perca no espaço
Prefiro lançar-me ao infinito, do que me perder cá por dentro
Apesar de todos os distúrbios
E da malícia dos indivíduos que se chamam próximos
Apostar no meu bem, é, em pontos, revigorante
Assistir à queda dos olhos maldosos...
E superar minhas próprias expectativas...
Em horas, me faz bem
Quando todos correm, é divertido engatinhar
E ver alguns tolos se perguntando aos berros
“Como ele pode ser assim?”
E pra quem tem concreto no peito...
Não adianta ser cortês...
Em certas pessoas, mora um mal tão grande
Que mesmo se fôssemos divinos...
Proporiam incêndio aos nossos fins...
Só pelo prazer de “vencerem” sozinhas
Nego o desrespeito, mas não respeito... Nem me encaixo
Me situo, e sigo bem
Com meu bem-estar de homem válido
Humano confuso, talvez, atordoado...
O meu bem que é paz
É a paz do meu espírito, e meu convívio pessoal
Digo que não mato, mas não gosto de morrer
O latejar da dor é findo, mas o sabor fica pra sempre
Por isso tem gente que corta o lado de fora...
Tentando poupar o de dentro
Eu vou, sem classe, sem megalomania
Sem utopias...
Pra não pirar, pra não produzir infimamente
E, em desespero, ficar cego
Esperando um pouco mais do que o valor real das coisas
Eu quero a surpresa boa
Quero o sumo do futuro bom
E oro, peço, imploro...
Sempre, quando ninguém está olhando.
Daniel Sena Pires – Pouco tenho ouvido a minha criança interior (30/01/12)