INTERAÇÃO: "A Rua do Sepulcro ao lembrar a Canção" DUETO DO POETA JONAS CAEIRO
1-Pobre alma vagando a esmo, esquelética,
Pela Rua do Sepulcro Ao Lembrar a Canção,
Suspira... em sua dor inevitável sente a falta
Das primaveras que deixou de contemplar em vida.
2-Tantos amores jogastes fora e te embriagastes
De ilusórias noites de perdição,
Nunca pensastes que cedo repousarias
No Fim da Rua do Sepulcro ao Lembrar a Canção.
3-Quantas vaidades brindadas em desperdícios,
Quantas conversas e risos tolos derramados,
Agora, teu espírito se contorce e chora,
A saudade, a tristeza e a dor de não ter deveras amado.
4-Vem a neblina para regar tuas feridas,
Chagas sangrentas, abertas por esse mundo austero,
Lá na igreja dobra o som do sino,
Soando triste, melancólico feito os versos meus.
5-Se arrastam trôpegos os vivos que restaram,
Levam ao túmulo os restos do que fostes,
São mortos-vivos que repetem seus ais...
Inevitáveis dores de quem... breve também vai.
6-A noite chega e o crepúsculo desce,
Nenhum murmúrio, só o silêncio permanece...
Mas eis que na madrugada esqueletos surgem
Para recepcionar o inquilino da cova mais nova.
Esta é a minha singela interação ao DUETO do poeta Jonas Caeiro, a quem eu sou muito grata pelo honroso convite.
Isis Dumont