Desligado
Com minha mão apontada para o céu, eu conto estrelas,
À noite esta vaga, mas no meu alento, pretendo ficar cheio de mim,
Vou me usar até amanhecer, gastar todo a minha impotência, pra ser forte amanhã,
Eu sou assim,
Parado enquanto observo o nada,
Vejo-me fascinado com a imensidão que é se desligar,
Minhas palavras rudes se calaram, meus olhos vermelhos se fecharam,
Mas eu me vejo e converso com o som,
A única vontade que sinto é de me desligar,
O que eu sinto não é nada do que vejo, nada do quero entender,
Abri mão das palavras, dos gestos, dos olhos e das mãos,
Usarei a pele e o coração,
E dentro de um poço passarei a noite, lendo versos tristes no meu inconsciente,
Vendo a noite triste na escuridão,
Colocando-me a frente do perdão que nunca pedi,
Deslocando meu braço, pra sentir a dor de ter te fossado a dizer tudo àquilo que eu não queria escutar, que eu não devia,
Desligando tudo de certo,
E aproveitando todo o vazio do meu ser,
Pra ser mais forte amanhã.