Segredos, segredos...
No interior da gente, em silêncio,
Pequenos segredos se formam,
Ocultos até de nós mesmos.
E quando deixam de ser pequenos
Não quer dizer que os saibamos mais.
Sentimo-los na forma de uma tristeza sem causa.
Tal angústia é surda às alegrias do mundo.
É preciso ficar alerta em tais casos:
Com o que é belo se padece bem mais.
E quando vi certa beleza quis logo chorar
A perda do que ainda nem possuí, isso que
por natureza não pode ser possuído.
De onde provém este impulso à posse?
Que fraqueza se encontra por trás?
E que ilusão é esta a de achar que se tem?
Invejo os que se entregam às comédias,
Que se distraem com os encantos do que
Engana as dores e a obsessão.
Livres estão eles de querer possuir.
Mais do que tocar e ver de perto,
Rir é saber manter-se à distância.