Tudo o que me dás!
É a hora inexata de sentir:
cansada, a língua chora
porque o corpo vê a morte
e as palavras joga fora.
Martírio um, canto dois, choro terceiro!
Como dói não se ser feliz em toda a hora,
Como cansa viver nos trapos da desigualdade inglória
E não se converter ao melhor silêncio do consentimento.
Deixo a hora exata partir,
tombo para dormir no inglório fosso da dor
e esqueço o que sou e choro.
É a hora inexata de sentir que eu,fraco, inexisto
e, mesmo triste, faço a hora e sinto a dor,
a mesma dor da primeira estrofe que inda não me foi embora...