DESERTO

Nesta tarde sem medida,
Sem lusco fusco,
Alma e coração em pedaços,
Banhada de sombras - fugi,
Desencontrada, sentida,
Para o deserto deste mar,
Como se a estrela que busco,
Estivesse por aqui,
Esperando o meu abraço,
Sob este céu repleto de nuvens,
De nuvens cheias de chuva,
De chuva que não chove,
De vento que não move,
A tristeza do meu olhar,
Olhar de inquietude,
Mesmo com a quietude,
Que paira neste lugar,
Nesta tarde enigmática,
Preciso mudar a temática,
Entender que você não vem,
Preciso voar... retomar,
As setas, as retas, as curvas,
As cores que trago dentro de mim,
Preciso te esquecer dizer sim,
À vida, me sentir rainha,
Ainda que sozinha,
Sonhar sem limites,
Enquanto o tempo permite.
...
Só não sei como começar.


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RECOMEÇO

O começo
não tem preço
arrisca
barganha
petisca.
Usa a manha
que assanha
impõe o teu ponto de vista.
No deserto
a descoberto
falta água
só tem mágoa.
É uma estranha latitude
imensa magnitude
somente areia mais nada.
Na esperança
renovada
abro as asas - confiança
nesta fé que tudo alcança
no brilho da madrugada.

(HLuna)

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PROCURA-ME JUNTO AO MAR...
 
Quando me quiseres encontrar
 Procura-me junto ao mar...
 Aqui te espero
Aqui te sonho
 Aqui te procuro
 Neste meu mundo
 De um azul profundo...
 Quero voar
 Nas asas da esperança
 Na manhã que vai chegar
 Num recomeço brando
 Vestida de branco
 Adormecer ao relento
 Sob cálido manto
 Embalada pelo vento
 Em carícia calma
 Que toca a alma
 Com seu lamento...
 Quando me quiseres encontrar
 Procura-me junto ao mar...
 Aqui me perco e me encontro
Na imensidão
 Que invade meu coração
 Nas cores e nos aromas
 Nas vagas abertas
 Nas horas incertas
 Em que anseio tocar as estrelas
 No murmúrio deum verso
 No enlace de um desejo
 Na aurora de um beijo...
 Quando me quiseres encontrar
 Procura-me junto ao mar...
 Aqui te espero
Aqui te sonho
 Aqui te procuro
 Neste meu mundo
 De um azul profundo...

(Ana Flor do Lácio)