O poeta em lástima


Silêncio se ouve na alameda
sem dó obscurecendo o dia
Ver-se sonolentas palavras
brontarem no papel em ironia

Mil vezes escrevi teu nome 
sem nenhuma outra palavra
O piano tocando a mesma nota
em unissono teu nome exala

Um pensamento em calmaria
de quem pode lembrar?
Talvez de um ninho oco e vazio
que sem escolha tomou teu lugar

Tal qual a lua doce e quieta
olhando uma estrela deisvarada
No céu, um sol apático, sem expressão
não me esquentava, nem esfriava

Olhos sem ânimo como anjo caido
no meu corpo procurei teu rastro
Em delírio ví com um orgulho casto
tatuado em mim marcas de passos

Ergue-se, assim, 
na memória em lastro
acordes escritos em tom de penumbra
trazendo a alma um som informe
que a cada nota a languidez redunda

Ainda no silêncio, a bruma do vale 
buscando resposta junto às lágrimas
se ouve no seio da tempestade escura
o fúnebre brado do poeta em lástima



 
 
Maria Celene Almeida
Enviado por Maria Celene Almeida em 09/01/2012
Código do texto: T3430502
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