O poeta em lástima
Silêncio se ouve na alameda
sem dó obscurecendo o dia
Ver-se sonolentas palavras
brontarem no papel em ironia
Mil vezes escrevi teu nome
sem nenhuma outra palavra
O piano tocando a mesma nota
em unissono teu nome exala
Um pensamento em calmaria
de quem pode lembrar?
Talvez de um ninho oco e vazio
que sem escolha tomou teu lugar
Tal qual a lua doce e quieta
olhando uma estrela deisvarada
No céu, um sol apático, sem expressão
não me esquentava, nem esfriava
Olhos sem ânimo como anjo caido
no meu corpo procurei teu rastro
Em delírio ví com um orgulho casto
tatuado em mim marcas de passos
Ergue-se, assim, na memória em lastro
acordes escritos em tom de penumbra
trazendo a alma um som informe
que a cada nota a languidez redunda
Ainda no silêncio, a bruma do vale
buscando resposta junto às lágrimas
se ouve no seio da tempestade escura
o fúnebre brado do poeta em lástima