Os dias...

Os dias são como uma lavoura, mas numa seca que não a alimenta.

Os dias são como uma lavoura, mas cheia de pestes, de onde não sai nenhum fruto produtivo.

Improdutivos são esses dias irrelevantes aos prazeres e maus prazeres.

O cérebro não mais se alimenta de sabedoria, a sabedoria não mais se alimenta do cérebro.

O cérebro é apenas um vazio, algo fútil e sem disponibilidade prazerosa.

A Terra é apenas um lugar onde iremos nos encontrar daqui a um tempo.

A Terra é apenas um colchão de luxo para os que se vão...

A fé é apenas algo que alimenta, mas não diz a verdade.

A incredulidade faz parte para aqueles que apenas sofrem, mas não se veem uma gotícula em uma terra seca, preenchida pelo sol que os mata.

Não existem desafios para aqueles que não veem a vida como um rumo, apenas como um círculo ao qual são obrigados a seguir.

Não existe sorriso para aqueles que nunca degustaram da felicidade.

A verdade é que não existe paz onde não haja um coração sofrido.

A impressão que temos dos dias, a dimensão que tomamos da vida,

E o conceito que temos da paz e da felicidade são muito vagos ainda.

Tão vagos quanto a impressão que temos de nós mesmos e daquilo tudo que nos cerca.

Onde a crença, então, meu senhor?

Se de dentro de nós, nada temos, pois não nos conhecemos ainda.

Se de fora de nós, o que seria? De onde viria?

Reafirmo: o cérebro não mais se alimenta da sabedoria, e a sabedoria não mais se alimenta do cérebro.

É aqui que jazo; é aqui que vivo; e é aqui que recomeço sempre e mais uma vez: na escuridão dos dias.

Renato F. Marques

Renato F Marques
Enviado por Renato F Marques em 07/01/2012
Código do texto: T3428280
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