DESABAFO

Marcando passos nas areias do deserto;

Fitando o céu como meu lugar certo...

Revolvo na vastidão meus sentimentos;

Da boca para fora mas coração adentro...

Nas estrelas que salpicam da noite a negrura;

Procuro alguma ponte por onde me elevar...

Marcando em compasso as minhas ranhuras;

Que a alma, por hora, está a apresentar...

Sinto-me bem presa, como que encadeada;

Nesta escuridão que me tenta a se prostrar...

Dos olhos saltam lágrimas amarguradas;

Ah liberdade que não sei por onde começar...

Do que me auxilia não ouço nem o gemido;

Ao que muito preso não vejo as pegadas...

Sou eu própria meu frágil muro de arrimo;

Escorando minh'alma meio ensanguentada...

Misturo as estrelas a leve poeira;

Desta noite irrisória tão nanquim...

Como não sei ser nada matreira;

Sou igual a um alinhavo sem fim...

Derrapo muda de espanto;

No meu desértico coração...

Que a bem pouco era canto;

Mas agora é só desolação...

Joyce Sameitat

São Paulo, 05 de Janeiro de 2012

Joyce Sameitat
Enviado por Joyce Sameitat em 05/01/2012
Reeditado em 05/01/2012
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