EU TAMBÉM SANGREI...
Não, não me afastei de ti,
ao contrário, fostes tu que me deixastes de lado.
Fostes tu que tantos versos e canções me destes
e no meu sangrar me abandonastes.
Fostes tu que quando me vi peito aberto
com dor cortante e sem pouso pr’alma
não me acolhestes e não ouvistes o meu choro.
No momento em que sangrei,
deixastes me nas dunas de um deserto árido
onde os grãos quentes e frios misturados
empoaram a visão da imortalidade do ser.
Morreram comigo o lirismo lúdico e a menina
que outrora tanto te encantavam.
Sim, fostes insensível ao meu pranto.
Deixastes que o sol nascente fosse poente.
Negastes a me pôr a eixo.
Relegastes ao ermo meus sentimentos débeis.
Na tua imobilidade esquecestes me no areal,
privastes me de tuas palavras de consolo
fazendo-te razão da minha nubécula ao sol.
Sim, fostes cruel e fragal.
Calastes o meu falar e não me ouvistes o coração.
Acaso pensas que sou rocha, e que não careço porto?
Não, não sou como tu pensas,
há dentro de mim um corpo pequeno querendo cuidado.
Não, não sonhastes comigo como eu contigo.
Não me recolhestes para o banho de pétalas de rosas,
Nem ao aconchego do cuidar, do consolo ao soluço.
Negastes me teu colo, o ombro amigo.
Mais que muda, deixastes me surda.
Como, agora, vens me cobrar ausência?
Não, tu não te fizestes amigo
Não recolhestes minhas lágrimas no teu odre.
Tão pouco me aninhastes sob tuas asas,
e meu vôo foi retido por quebrares minha alma.
Deixastes que na arena o touro me espreitasse,
desejoso de minhas vísceras expostas e,
Tu, nem te ocupastes em recolher o caco do que me fizestes.
É bom que saibas que, como tu um dia, sangrei!
Sonhei que eras, ao mesmo tempo, nubícogo e nubífago,
Mas não, deixastes às sombras a lucidez que eu ansiava.
Sim, falastes comigo como que com ásperas palavras.
Sim, falhastes mais que tu pensavas, por isso te respondo:
Não, não te perdôo a falha!
Nunca mais me leias e eu não mais te dirigirei minhas palavras.
Brasília, 16/12/2006.
Não, não me afastei de ti,
ao contrário, fostes tu que me deixastes de lado.
Fostes tu que tantos versos e canções me destes
e no meu sangrar me abandonastes.
Fostes tu que quando me vi peito aberto
com dor cortante e sem pouso pr’alma
não me acolhestes e não ouvistes o meu choro.
No momento em que sangrei,
deixastes me nas dunas de um deserto árido
onde os grãos quentes e frios misturados
empoaram a visão da imortalidade do ser.
Morreram comigo o lirismo lúdico e a menina
que outrora tanto te encantavam.
Sim, fostes insensível ao meu pranto.
Deixastes que o sol nascente fosse poente.
Negastes a me pôr a eixo.
Relegastes ao ermo meus sentimentos débeis.
Na tua imobilidade esquecestes me no areal,
privastes me de tuas palavras de consolo
fazendo-te razão da minha nubécula ao sol.
Sim, fostes cruel e fragal.
Calastes o meu falar e não me ouvistes o coração.
Acaso pensas que sou rocha, e que não careço porto?
Não, não sou como tu pensas,
há dentro de mim um corpo pequeno querendo cuidado.
Não, não sonhastes comigo como eu contigo.
Não me recolhestes para o banho de pétalas de rosas,
Nem ao aconchego do cuidar, do consolo ao soluço.
Negastes me teu colo, o ombro amigo.
Mais que muda, deixastes me surda.
Como, agora, vens me cobrar ausência?
Não, tu não te fizestes amigo
Não recolhestes minhas lágrimas no teu odre.
Tão pouco me aninhastes sob tuas asas,
e meu vôo foi retido por quebrares minha alma.
Deixastes que na arena o touro me espreitasse,
desejoso de minhas vísceras expostas e,
Tu, nem te ocupastes em recolher o caco do que me fizestes.
É bom que saibas que, como tu um dia, sangrei!
Sonhei que eras, ao mesmo tempo, nubícogo e nubífago,
Mas não, deixastes às sombras a lucidez que eu ansiava.
Sim, falastes comigo como que com ásperas palavras.
Sim, falhastes mais que tu pensavas, por isso te respondo:
Não, não te perdôo a falha!
Nunca mais me leias e eu não mais te dirigirei minhas palavras.
Brasília, 16/12/2006.