ll. RaZõeS PaRa MoRReR .ll

E tu me perguntas:

"Por que desejas morrer?"

É quando me afrontas

Por parecer não saber...

A vida é fio de navalha

É alforje repleto de falhas

E de completa e fatal privação...

A vida é soma de tralhas

Que nos consome em confusão.

Seguimos, consumindo, cordatos...

Seguimos feito bando de patos

Rumo à imolação...

Seguimos cegados e mortos

Escrevendo concertos tortos

Para uma indigna apreciação...

Seguimos cagados e fartos

Consumando mais tantos atos

Repletos de putrefação.

[Porque me chama a morte

Num apelo tão forte

Que me toma a razão...]

Somos concessão da vida

Sem nenhuma medida

Da nossa real situação...

Somos um sopro de nada

Nesta passagem-morada

De constante e cruel provação.

E tu insistes ainda?

Queres, enfim, qu'eu repita

O quanto mi'alma acredita

Que a morte é a solução?

Creio: já sabes, amigo

Que este ilusório abrigo

Que construíste aí a sorrir

É o mesmo irrisório sentido

De todo o nosso existir...

ll PaRaBoLiKa ll
Enviado por ll PaRaBoLiKa ll em 21/12/2011
Reeditado em 21/12/2011
Código do texto: T3400783
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