Aceitação
A pungência que sinto em meu peito
que por muitos não é compreendida
e me deixa sem fé nesta vida
me lacera e destrói meu espírito.
É saudade funesta do ledo
que se foi pelo tempo perdido
e quem vê o meu pranto dorido
desconhece - não tenho intuito!
Se eu falar deste pranto de morte,
deste meu coração sofredor...
Dir-me-ão: - Tolo és, pois a dor
só a tem quem quiser camarada!
Mas, o tolo pra mim é insensível
que não vê em meus olhos tristeza,
que não sente em meu verso pureza
e o meu canto chorando à alvorada.
Quando o mundo silente ao redor
me desdenha com força tamanha
não consigo escalar a montanha
e me vejo em qualquer depressão.
Tantas horas passadas a esmo,
soluçando o meu elo perdido
simplesmente não ouço o alarido
que me faz seu clamor, coração.
O caminho que sigo é funesto,
ninguém quer ou deseja pra mim,
mas me vejo igualmente ao arlequim:
o motivo de toda a piada.
Ou quem sabe o dramático tolo,
anelando ter toda a atenção
para a própria satisfação,
pra sentir-se com sua alma inchada.
Eu desejo que o tempo, veloz
passe logo e me deixe sozinho
no refúgio do meu terno ninho
que lutei, construí com ardor;
e se alguém me quiser dar conselho
pedirei que se feche também,
porque tenho sentido que o Além
quer que eu passe esta prova de amor!
18/12/2011 1h06