Mukua, malambe. Baobá




Não causa constrangimento ter que despir-me
De tantos valores que não são meus.
Do certo e do errado que nunca inventei...!
Nem de ter que perguntar: em qual mentira devo acreditar?

Boa aparência, discriminação, dor invisível!
Cresceu comigo, morou  aqui. Agora esnoba pose de Morumbi.
Conta tudo que faz no seu trabalho...
Na zona sul de São Paulo!

Flor no cabelo melhora a vista...
Cabelos crespos, liso, negros, ou ondulado.
Rebola a anca, esconde os quadris...
Esconde, andando devagar, o seu rebolado.

Modelo de aprendizagem...
Obrigar além do uniforme a refazer o que a natureza fez
Brincar de Deus para mudar o foco...
Negros ficando brancos e brancos escurecendo.

Doença européia de aculturar em demasia...
Entesourar, ser desumano, matar toda alegria.
Dar voltar em Baobá...
Questionar o que não devia.

De Magela

(Mukua, Malambe e Baobá. Denominação dada pelos povos africanos. Os cabelos desta negra representam ainda, a força desta árvore sagrada).
DE MAGELA POESIAS AO ACASO
Enviado por DE MAGELA POESIAS AO ACASO em 07/12/2011
Reeditado em 07/12/2011
Código do texto: T3376694
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