Diagonal
Nuvens cinzas no horizonte,
pulando entre pontes de ferro,
no mar tempestuoso de sentimentos confusos,
nadando contra correntes dos meus anseios,
flanando no horizonte pintado à nanquim,
segurando um sorriso cínico como arma de sobrevivência,
adentre meu baile de máscaras e experimentações sensoriais,
dance uma valsa sem compasso na melodia dos insanos violinos,
não há tempo na medida do primeiro dia do último calendário,
apenas escrevo nas paredes de vidro a angústia que corta meu peito,
explode dor, explode cor, explode grito mudo!
.
Sou a diagonal de uma vida indelevel...
.
Granizos caindo sobre sombrinhas de papel marchê,
acordando no movimento de um leme descontrolado,
para onde vou se meu destino se perdeu no poema apagado?
retomo o cinzel para furar os balões de gás arsênico,
venha rir da tristeza em dó maior na paleta do violão sem cordas,
música sem clave de som na nota de uma estrofe oculta,
não assuma discursos vãos sem conexão com minha razão,
cante no silêncio do vento murmurante de um catavento solitário,
não há paz na guerra de um coração permeado por conflitos,
apenas faço do presente o cordão limítrofe de uma lápide vazia,
cesse o zumbido, cesse a aflição, cesse a traição!
.
Sou a diagonal de uma loucura anunciada...