CHAMA DA PAIXÃO

Sou a poeira que cobre a estante,

Sou o grão de areia no piso da sala.

O pensamento besta dum breve instante,

A bobagem que sem pensar alguém fala.

Sou a sobra improvável da comida,

Sou o pano de chão no quintal jogado.

A mancha de sujo marcada na camisa,

Que tão safada sai num simples esfregado.

Sou o fútil, o inútil, até mesmo um morto,

Ou considero-me simplesmente assim,

Já que não queima a tempos em mim,

No coração, a chama perturbadora da paixão!