Saco lacrimal

Sinto cair dos meus olhos apenas um fio.

Um fio sem palavras

Com a sua lentidão expressa todo o sentimento de uma alma que perde e não pode olvidar.

Se faz necessário esquecer se despojar das sombras de um passado que não existi mais. Ou melhor nunca existiu.

De que perda falamos? Se não a podemos explicar.

A única coisa que temos real são os recordo fotografados pela nossa memorial lua que no céu brilha

E nos perguntamos onlinemente

Estas vendo a mesma lua que eu?

A temperatura que de repente baixa

Começa o seu trabalho de congelar as palavras que brotam desde minhas lágrimas

E a vemos empedrada no meu rosto sem mais poder falar.

Dá um último suspiro

Busca um abrigo

E Declama

Esta são as palavras que brotam do meu interior

Desde meu saco lacrimal

A bacia donde me origino

Para deságua num oceano sonhado

E desembocar entre os orifícios dos teu lábios

Para uma última vez declamar

Desde o meu canaliculus lacrimalis

Como se vivesse em primeira pessoa

O meu próprio réquiem

Escutando-me cantar

"Lacrimosa dies illa,

qua resurget ex favilla

judicandus homo reus."

Em um eterno dia de ira

Gelassenheit
Enviado por Gelassenheit em 06/12/2011
Código do texto: T3375401
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