Não Faço Nada.
Sabe quando você olha para as pessoas e não assimila mais o que elas são?
É assim que eu vejo a transparência do nada. Talvez seja pelo acúmulo de doações que fiz, e quando precisei fiquei na lista de espera.
Ainda me encontro na lista de espera, talvez seja tarde demais.
Meu corpo esta sem disposição. Não sei como ele irá simular novas ações.
Eu tento escrever para poder encontrar a paz, mas sei que a paz só existe em campanhas.
Talvez eu participe, mas não sei.
Vejo as pessoas só aparecem quando tem o bolo, mas desaparecem quando só existe uma vela acesa no centro da mesa e um sorriso pálido.
Às vezes olho a porta esperando alguém lembrar de algo, mas me frustro como uma criança.
Não quero brinquedos, mas quero lembranças.
Lembranças de um sentimento bom que existiu e resistiu.
Maldade mesmo é você chamar uma pessoa para a sua festa, e, quando chega, dela não te remete nem um convite sequer.
Quer saber o que é pior? É não ter o que falar numa festa de realidades onde ninguém mais sabe que diabos esta fazendo ali.
Eu, ao menos, sei: não faço nada. Mantenho-me inerte sobre as ondas crisálidas, lentamente mutantes,
Aparentemente retroativas, mas levemente pró.
De vanguarda, eu? Vai se foder.
Renato F. Marques