A PEREGRINA DA PRAÇA
Irei falar sobre um ente
Mulher de um amigo meu
O drama mais comovente
Que com ela aconteceu
Deixou seus irmãos e pais
Seu esposo e tudo mais
Que da sua casa era o lema
Para executar a vida
E se tornar envolvida
No drama deste poema;
VNº01
Depois que abandonou
O seu fiel companheiro
Com um Doutor viajou
Para o Rio de Janeiro
La nos riquíssimos hotéis
Boates e cabaréis
Vivendo por conta dele
Lá na mais perfeita orgia
Até de Deus se esquecia
Na sua vida com ele
VNº02
O Doutor era rapaz
Casou-se com outra após
E foi para Minas Gerais
Deixando-a então a sós
Sem dinheiro e sem guarida
Por roupa, casa e comida
Trocando a matéria sua
Dividindo os seus desejos
Com ladrões e malfazejos
E os bandoleiros da rua.
VNº03
Por sina para pagar
A sua conta corrente
Ela um dia á passear
Sentiu seu corpo doente
Foi logo á um hospital
La viram que o seu mal
Re médio não dava corte
Á doença de mãos cheias
S entranhavam nas veias
Daquele corpo sem sorte .
VNº04
Não arranjando direito
Na enfermidade sua
Seu recurso foi o jeito
Perigrinar pela a rua
Não procurou remédio
“Desalugou-se” do prédio
Que com as outras vivia
Saiu figurando o drama
Dos trapos fazendo cama
Comendo uma vez por dia.
VNº005
Nas ruas onde passava
Em toda porta pedia
Um dava outro não dava
E ela até que um dia
Desalentada sem graça
Sentou-se em uma praça
De um estilo moderno
Resolveu neste momento
Trocar o seu sofrimento
Pelo o seu descanso eterno
Mvnº06
Com fome sede e doente
Exclamou fraca e tremendo
Quem foi eu antigamente!
E hoje quem estou sendo
Tive esposo e fui feliz
E eu de covarda fiz
Seu abandono e o meu
Sepultei a minha paz
O mundo não cria mais
OUTRA INFELIZ COMO EU
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Separei muitos casais
Fiz moça beber veneno
Com ciúme de rapais
Nas festas onde dancei
Briguei, bati,apanhei
Dei desgosto e desprazer
E uma infeliz assim
Creio que até Deus em fim
Fecha os olhos pra não VER.
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Sentou-se e naquele estante
Deu um suspiro e gemeu
Um cidadão importante
Perto dela apareceu
E pergunto-lhe infeliz
Sabe você quem sou eu?
Disse a miserável eu seio
Aquele que á muitos anos
Pelos condenados planos
Da vaidade deixei.
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Ali pegou na mão dele
No cimento se estendeu
Pedindo perdão a ele
Neste momento morreu
E ele comprou para ela
Um Caixão que o rosto dela
Se via pela vidraça!
Depois de todo o problema
Me fez narrar o poema
Á PERIGLINA DA PRAÇA.
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