Medo e lágrima

Medo brabo de não continuar navegando

Soda cáustica por sobre a pele descamada

Meio que de lado, vou opondo ao sacrifício

Cauterizando as feridas, Deus do céu... como dói

É a insensibilidade forçada...

Que dói no olho, e dentro do peito

Me arranque um braço, mas não me diga “sim”

Quando não o quiser dizer

Praguejar faminto é algo que entendemos bem

Eu, você, os pais dos outros...

Arrastar uma carcaça vazia por anos e anos

É o tipo de conduta pobre

É horrível se pensar sem saída

E se ver sem escolha, então?

Do alto e das esquerdas...

Que limbo me aguarda?

...

Isso é o atraso

O passado está contando agora sua vantagem

E é muito grande

Muito grande

E é amarga

E é lágrima

Desmaiar às sextas e acordar às segundas...

Eu faço a falta toda...

E fico tão pior comigo.

Daniel Sena Pires – Medo e lágrima (21/11/2011)