Ao Meu Amor
O meu amor, distante, faz-se perto,
De tão intensa e tão ardente chama
Que o ranço entorpecente de quem ama
Ao meu amor fê-lo tornar-se incerto.
Mostra-se triste e escuro este abjeto,
Esta ranhura agônica que inflama,
Que rouba-me o espírito e reclama
Meu coração como a algum objeto.
Depois vem, metastático e sereno,
O mesmo amor que outrora me encantara
Trazer-me o cálice da nódoa amara
Nas dores sepulcrais do seu veneno.