LEMBRANDO**

Sou como o índio

arrancado da mata,

um sertanejo sem caatinga,

árvore plantada

no vaso-cidade.

Cresci assim:

de fragmentos passados,

histórias, tradições idas,

Lampião e Conselheiro,

heróis negados a bala.

Atrás do pão-sustento

segui a estrada,

cresci no centro-concreto,

túneis e viadutos,

na máquina de triturar sonhos.

Em solo paulista

sou só saudade

de um tempo que não vingou.

Sou só dúvidas,

dívidas/dores/amores

e filhos no asfaltado

plantados.

Dedicado ao meu falecido tio Lúcio Araújo

cp-araujo@uol.com.br