Sem chão

Ando como um mendigo sem chão para pisar

Olho, penso, digo, respiro

Atos que não acontecem

Movo-me e noto a morte

Estou cego, torpe, mudo, morto

Perco-me na libidinagem

A carne lasciva degenera a alma romântica

Peco, corrompo, morro, desapareço

Dilacerado pelo próprio lobo

O sonho inocente morre

Ao despertar para a realidade pecaminosa

Sou caça e caçador

Minha própria presa

Meu pecado me fere, me sangra

Me mata

Enraizado na vida lasciva

Cada ato é um pecado

Cada pecado é uma morte

Morto

Sou um defunto enterrado no torpor do pecado

Crucifica-me!

Queime-me na fogueira!

Liberte dessa pútrida carne a lânguida alma

Ressuscite-me para minha penitência

Moribundo

Cambaleante

Olho para baixo e não vejo nada

Um mendigo sem chão para pisar

Um pecador sem arrependimento e penitência

Um poeta morto sem amor para amar

(Março de 2006)

Wesley El Nino Silva
Enviado por Wesley El Nino Silva em 15/11/2011
Código do texto: T3337383
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