INCOERÊNCIA

Pisei de leve

em tuas retinas

me fiz transparente

e fluida

soprei a brisa

em teu rosto de fria pedra

esvoacei em voos

de asas trêmulas

e tu estático

e tu enfático

olhando longe

pra não me ver

tiveste tanto medo

um medo de pedra

de músculos tensos

de todos os silêncios

um medo de perdedor

Te fizeste tácito

em teu não explícito

duro cercado de tela

farpas cortantes

Depositei meus passos à tua porta

fechada

Lá de dentro uma voz sumida

dizendo este não à vida

que tu cultivas

falando de amor

em versos frios

Aonde amor

que não tem entrega

de portas fechadas

de palavras vazias

de mãos desistidas

de olhos turvos

de pés indecisos?

marina zamora
Enviado por marina zamora em 14/11/2011
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