INCOERÊNCIA
Pisei de leve
em tuas retinas
me fiz transparente
e fluida
soprei a brisa
em teu rosto de fria pedra
esvoacei em voos
de asas trêmulas
e tu estático
e tu enfático
olhando longe
pra não me ver
tiveste tanto medo
um medo de pedra
de músculos tensos
de todos os silêncios
um medo de perdedor
Te fizeste tácito
em teu não explícito
duro cercado de tela
farpas cortantes
Depositei meus passos à tua porta
fechada
Lá de dentro uma voz sumida
dizendo este não à vida
que tu cultivas
falando de amor
em versos frios
Aonde amor
que não tem entrega
de portas fechadas
de palavras vazias
de mãos desistidas
de olhos turvos
de pés indecisos?