Torrente
TORRENTE
É noite. A chuva cai abundantemente.
Há uma torrente, dentro de mim, a desabar
E um gosto de lágrima que prometi secar...
Tudo está em desalinho...
Todos os satélites estão a mim ligados...
Conheço a dor que me ronda...
Eu percebo as ondas...
Quero me banhar no amor que em mim jaz.
Preciso me virar do avesso para senti-lo
E me curar sob a sua ação benfazeja...
Preciso de pouco, muito pouco...
Uma presença... Um ouvido...
Uma música... Uma palavra...
Ainda não sei viver somente do meu alimento...
Preciso dançar essa harmonia junto...
A lágrima corre para escoar a represa...
A palavra explode como bomba atômica.
Sai para me salvar do amor que eu preciso
E se derrama no papel...
Deus me deu essa fonte... Eu a tenho...
É o instrumento que eu toco e que me toca.
Enquanto a palavra escoa eu me lavo
E ela me massageia com um abraço...
Eu senti o seu abraço de amor puro agora,
Suave e demoradamente...
Sem medo do que os outros iriam pensar.
Ou que nossos corpos tivessem órgãos sexuados.
Queria somente me transmitir calor e vida,
Eu abracei a sua alma inteira que o seu corpo abriga.
Eu não queria um abraço de braços apenas...