Morte! Oh! Morte... Espero ansioso a hora bendita!
Ás vezes me pergunto por que tantos versos triste
E por que a minha alma insiste, quanto sofrimento
Tem horas que anseio tanto a morte, mas não depende da minha sorte
Cada tempo no seu tempo, eu só lamento
Tem dias que a negritude da dor insuportável me consome
Nem sei se sou menino, velho, um pobre homem
Sou qualquer coisa que luta contra a vida na ânsia de não viver
Morto estou a tanto tempo de infelicidade, felicidade agora é morrer
Quem lê meus poemas não encontra alegria, senão saudades
Não encontra acolhimento, senão solicitude
Quem lê meus poemas não acha neles amor correspondido
Mas um peito ferido num curso de morte, silenciosa virtude
Busco versejar coisas sinceras, como o pintor que se autorretrata
Meus versos são pinturas feitas em tela de carne
No coração tatuado, resignado e covarde
Que cortando pelas lâminas das penas se infracta (se despedaça)
Sou um poeta fora de época
Lamento a velocidade do século vinte e um
Deveras, sou triste como meus versos declamam
E meus olhos em silêncio reclamam, afinal, nesse mundo sou mais um
Choro as lamentações de meus escritos
Velo-os, sepultando no peito cada palavra ora dita
Sento na marquise de meus anseios e não repouso
Espero ansioso a hora bendita!
Morte! Oh! Morte...
Vens, corre, vens sem demora
Vem ligeira, minha alma implora
Vens e retira-me dessa sofrida ilusão