CONTRAPONTO
Eu não posso viver tua justiça
por isso sou rebelião;
Não compactuo com teu senso
por isso sou artesão;
Não posso consumir-te como me consomes
por isso sou a fome;
Não posso andar em linha reta
contemplando na sorte
o ardor do mal e da morte;
Não posso matar-me como me matas
com teu coração de pedra;
Assim eu não te amo
E nem mais sou teu poeta.
(Do livro: "Para Ninguém")