Dolo

E tudo parece engraçado.

O palhaço sem graça pintado.

No circo – vida – Ele mesmo armou.

E quem importa-se com a dor?

Com a minha… com a nossa… com a dele?

E quem importa-se se magoou?

Se tira-nos o sono… se consegue dormir…?

Desbotou.

A pintura.

A lisura.

A postura.

Postura?

Posto num copo.

Riem. Os tolos.

Exposto estás.

Com dolo.

Ao ridículo.

Ao rótulo.

À rótula trêmula.

Ao teu peso muito às dores tuas.

Ao julgo asco.

À retina turva dos “puros”.

Dos “impecáveis”.

Dos hipocritamente corretos.

E choras.

E és… E queres ser só.

Optas.

Órbitas tuas.

Incompreensíveis.

Inconcebíveis.

Na “corda bamba”…

Na relatividade do que sempre foste.

Do que sempre foi a tua existência muita.

Espaçoso… Dá espaço!

Com licença… Por favor!

Torpor. Torpor.

Ando farta do teu torpor.

Pega as tuas rédeas.

De pano. Molambo.

Andas aos pares… e só.

Quem dera não ter correntes.

Correntes que prendem-me.

E que chamam-na de Amor.

Mas… quem importa-se?

Lava o teu rosto.

E deixa no ar… suspensas…

As mãos que ajudam-te.

Então… faz nova pintura.

Mas cuida… Não desbota.

E não chora.

Karla Mello

Novembro/2011

Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 07/11/2011
Código do texto: T3322545
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