Tristeza boêmia II

É nesse silêncio funéreo,

Silêncio de noite sem lua

E luzes que cortam as ruas, tão nuas,

Tão sem vida,

Que eu guardo as rimas de outra vida minha.

É nesses becos entorpecidos,

Que embebecido de minhas lagrimas faço canções,

Compro emoções,

Despejo em cada esquina uma nova saudade.

E pra falar a verdade,

À noite me traz algo de tão maternal,

Que até retomo vez por outra,

O brilho original e juvenil de meus olhos.

Mas logo o dia amanhece,

A rotina fica a me perseguir e a insistir,

Para que eu use meu disfarce convencional de cidadão patriota,

Ou será idiota? Já não sei qual a diferença.

Só sei que num país tão cheio de demência,

Num mundo tão cheio de indecência,

Eu torno meu corpo um grande cais noturno

A espera da luz harmoniosa do farol lunar,

Para finalmente revelar as belezas de minha verdadeira essência humana

Felipe de Oliveira Ramos
Enviado por Felipe de Oliveira Ramos em 03/11/2011
Código do texto: T3314761
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.