Tristeza boêmia II
É nesse silêncio funéreo,
Silêncio de noite sem lua
E luzes que cortam as ruas, tão nuas,
Tão sem vida,
Que eu guardo as rimas de outra vida minha.
É nesses becos entorpecidos,
Que embebecido de minhas lagrimas faço canções,
Compro emoções,
Despejo em cada esquina uma nova saudade.
E pra falar a verdade,
À noite me traz algo de tão maternal,
Que até retomo vez por outra,
O brilho original e juvenil de meus olhos.
Mas logo o dia amanhece,
A rotina fica a me perseguir e a insistir,
Para que eu use meu disfarce convencional de cidadão patriota,
Ou será idiota? Já não sei qual a diferença.
Só sei que num país tão cheio de demência,
Num mundo tão cheio de indecência,
Eu torno meu corpo um grande cais noturno
A espera da luz harmoniosa do farol lunar,
Para finalmente revelar as belezas de minha verdadeira essência humana