SNAPSHOT



Você acorda e se vê no espelho,
quase sumindo, sobram os olhos vermelhos.
Você quer morrer, quer não ter existido,
você não fala, você desenha.
Você se mata todos os dias
e ressurge com a noite.
Quer não ter lembranças,
quer esquecer das palavras.
Quer ser igual,
mas é esquerdo,
quer ser grande,
mas é contido.

Você escreve poemas de amor
como quem toma anti-depressivos.
Quer inventar palavras novas,
mas só tem seu próprio lixo.
E hoje ainda se lembra do amor que não foi,
que poderia ter sido,
se fosse menos fraco,
e se ele não tivesse morrido.
Você quer assassinar ao mundo,
mas não podendo, vai se apagando.
Faz poemas ruins, para que muitos se apaixonem,
sem entender que também infelizes,
querem também morrer aos poucos.