CHUVA DE SAUDADE
Ontem me lembrei de você enquanto a chuva caía
Fui até a janela e grande foi minha surpresa
Ao fitar sua imagem na rua molhada
Você caminhava vagarosamente a rumo nenhum
Apreciei cada movimento de seu corpo
Sua cabeça ora ereta fitava o horizonte
Ora baixa obrigavam seus olhos a mirarem as poças
Seus braços, tantas vezes entrelaçados no meu corpo
Agora pendiam sem compromisso ao longo do seu
Suas costas, desenho conhecido pelo meu tato
Já se colocavam à mostra sobre o tecido fino da camisa
Seu conjunto pernas e pés deliciavam-se a cada troca
Pisavam mansamente e chutavam a água para além do horizonte
Nesse instante, choveu também em minha alma
Pois lembrei que esses passos levaram você para longe de mim
Então chorei.