Resta

Eu era pura e me sujei com o mundo desolador.

Eu era claro

Hoje o que me resta?

Algo negro, imundo e sujo.

Feriram-me

Usaram-me

Transformaram minha vida em nada.

Nada é o que eu sou

Apenas compaixão de quem disse que me amou.

Deram-me:

Palavras vãs, tolas e insignificantes.

Pois eu era uma singela amante.

Doei-me

Chorei lagrimas em vão,

para quem nunca me amou.

E agora o que restou?

Solidão e melancolia.

E essas me abastecem de podridão

Pois fui um ser que tentou ser feliz e não um ser descartável.

Viris, homens sem coração

Que só enxergam:

carnes nuas e entregues ao prazer inútil.

Pensar e pensar.

Quem me dera agora ser o que fui

Porque o que fui

não volta,

tão pouco fica puro.

Os restos:

São restos

Meus restos.

Tudo o que restou dos passos que eu dei por vós.

Fiquei com as sobras

Sobras de alguém.

Resta-me apenas:

Solidão inútil

Que me dilacera o peito

Vinda dos descasos.

E o que me resta?

Solidão.

Núbia Xavier
Enviado por Núbia Xavier em 02/11/2011
Código do texto: T3312309
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