Poesia do não
Não dá para resumir o mundo
Não é possível sempre dizer a verdade
Não se pode amar para sempre
Infelizmente.
O homem não conhece o mundo,
Não conhece a verdade
E nem o amor
E muito menos a si mesmo.
Na síntese, o homem procura
fugir da necessária extensão da
história
Na verdade, o homem procura
fugir do sonho, do abstrato e
do intangível
E no amor,
procura fugir
da crueldade do destino.
da finitude da morte
Nada existe de permanente
a dinâmica é implacável e muda
E, muda até que tudo termine
e recomece outra vez
Revira castelos, cadáveres
e cadeados.
Muda tudo e sempre,
Vida após vida e após morte
Morremos um pouco
Diariamente e paradoxalmente
Diante cada fracasso,
Cada frustração,
Cada traição.
Perdoai os fracassados,
Os frustrados e os traidores.
Perdoai aqueles que envelhecem
Sem ficarem sábios,
Os que perdem a esperança
Sem conhecer a poesia
Os que sofrem
na solidão diária
o desalinho da razão..
Pois a cada flor que seca
Surge uma imediata primavera
Imanente para o futuro de todos nós.
Estamos sozinhos e acompanhados
Da lucidez do não.