MINHA ÚLTIMA POESIA

Fui a força, de minha casa retirado,
e para lá, onde estou sendo levado,
um triste hospital, de doentes mentais.
Contar isso em poesia? Acho ,não devo,
se já nem sei, sobre o que escrevo,
a última poesia, no mundo dos mortais.

Chorei, quando fizeram minha captura,
em vão, pois nessa minha loucura,
ninguém, nem eu, pode compreender.
Olhei para trás, quando sai amarrado,
além das cordas,me prendia  o passado,
isso, para eles não consegui dizer.

Vou para lá,para o inferno dos hospitais,
choro, em casa não voltarei jamais...
Dizendo adeus, acenei para a choupana.
Com ninguém, posso dividir essa dor,
que começou, com o abandono de um amor,
quando me deixou  sozinho na cabana.

Hoje, aqui, como uma fera enjaulada,
da vida, já não espero por mais nada,
magro, triste, e aceitando minha derrota.
Não mereço, não devia ter nascido,
mas breve, calará o meu gemido,
a chance de cura, e muito remota.

Tudo, aos poucos vai se acabando,
e ninguém, está por mim chorando,
aguardo impaciente por meu fim.
Irei, para onde já foram meus pais,
quem me lê agora, não me lerá mais,
morrerá ,a última flor desse jardim...
GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 29/10/2011
Reeditado em 31/01/2016
Código do texto: T3305429
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