LAMENTO DA FLOR

LISIEUX

A Flor se encontra murcha, na sarjeta...

A oferta de pecado, de luxúria

esgota-se no vento frio e úmido

da capital paulista...

Vento cortante despedaça as pétalas.

E a Flor, sozinha na calçada,

entoa uma tristonha

e monocórdia canção.

Onde estás, ó Fauno Libertino?

Onde estás que não abres tuas asas

e cortas horizontes, singras mares

a fim de vir falar com tua musa?

Não vês que a Flor está desesperada

vergado o caule verde,

seca a seiva

e desbotada a cor de suas pétalas?

Não vês que sem o doce do teu beijo,

e sem o líquido desejo dos teus olhos

qualquer roseira murcha e um dia morre?

Durante a madrugada, a Flor, desnuda

e tiritante, amado, já não dorme!

Como dormir sem teu abraço forte,

e sem teu corpo a agasalhar-lhe o corpo?

E entranhado, o frio é mais intenso

não há nenhum calor no firmamento...

não há sinal de vida, ou de bonança

Só há saudade, dor, desesperança...

lisieux - SBC – 26.09.06

lisieux
Enviado por lisieux em 28/12/2006
Código do texto: T330372