Cinza, Fria, Escura...

Reclamo do rio cheio de lixo,

Mas não separo,

As sacolas não são recicláveis.

A fotossíntese não acontece nas minhas plantas e flores.

Cimento cinza é o meu jardim.

Engano a sociedade e não dou esmola a uma criança,

Mas compro o doce que ela vende no semáforo.

Idolatro a atriz e o craque do futebol,

mas não sei quem é o jovem largado na calçada,

que o “crack” consome.

Reclamo da carroça do catador que atrapalha o trânsito.

Congestionamento me irrita mais que o ônibus lotado.

Dentro do automóvel sou imbatível.

Do ar puro já não necessito,

Faço exercícios na academia barulhenta.

Para não ver a realidade,

Me escondo em muros altos,

Vidros escuros e grades são minha proteção.

Da coletividade não compartilho,

Vivo no meu individualismo.

Cinza, fria, escura

A cidade metropolitana

Cinza, fria, escura

A frieza do homem

Cinza, fria, escura...

Juvenal Tiodoro
Enviado por Juvenal Tiodoro em 28/10/2011
Código do texto: T3303585
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