VICIADOS E MENDIGOS
Nos escárnios que se ofuscam á escuridão noturna das grandes cidades, vidas opressivas que também oprimem alheios valores, são lançadas nos meios fios, valetas e esquinas.
São como zumbís fazendo zigue-zagues, apenas o instinto
de automáticos cérebros é o guia destes entes.
Andam sem destino, rumo ao nada, nas madrugadas incandescentes, a inalarem ares mortais. Expirando o odor da desgraça, do suicídio
vindouro seguido de torpor.
O cheiro da morte se entranha em narinas fracas e latejantes. São seres vís em covís de terror, onde lá só habitam:
a dor,
a derrota,
e a destruição.
E ainda assim vivem; delinquentes, sujos e entregues
ao abandono dos esgotos fétidos das vielas.
Pobres mendigos viciados, criação de Deus que, em seu trono de luz
observa em trapos rotos e podres, perfeitos trajes de linho e seda em vidas preciosas que se ofuscam no submundo do silencio.