CÁRCERE D'ALMA
Em lúgubre recinto padeces amargo isolamento
Pedras frias cobertas de musgo, única paisagem
Escuras paredes sobre ti se fecham, sufocamento!
Grilhões te imobilizam, não divisas mínima passagem.
Há quanto tempo tua alma se encontra encarcerada?
Sequer o sabes, parece que desde toda a eternidade
Só as lágrimas acerbas umedecem esta face macerada
Nenhuma ilusão pode aliviar-te da inexorável verdade.
Sofres terrível agonia nas tenazes da incompreensão
Teu próprio coração tornou-se desumano verdugo
Esquecida estás, oculta nesta caliginosa prisão
Abafadiça masmorra, dos sonhos desfeitos é o refugo.
Incrível é que te considerem livre das constringentes amarras
Não enxergam o que tu vês, liames férreos, invencíveis
Cárcere d'alma, opressão a dilacerar com cruéis garras
Hórrido cativeiro de muros inexpugnáveis, porque invisíveis.