O Camafeu
Decorridos longos e monótonos anos
Ela retorna a sua antiga penteadeira
Relembra os tempos de viço e encantos
Seus enfeites de moça agora em poeira
O rosto marcado pelo tempo e os olhos
Pelas angústias tornados tristes e baços
Estojos de carmim, frascos de raros óleos
Já embelezaram um corpo sem cansaço.
Mas estranha coragem lhe toma a alma
Aquela que julgava tê-la abandonado
Abre uma caixa, procura manter a calma
Retirando um camafeu, com esmero entalhado.
Do fundo negro, emoldurado em prata luzente
Emergia distinto perfil masculino, joia de marfim puro
Era aquele a quem ela amou secretamente
Amor impossível, que no coração se manteve seguro!