Arrumando a vida.
As gavetas estão fora do lugar,
Há roupas faltando,
O centro do armário está tão vazio!
Não faço idéia de como arrumar,
Minha respiração falhando,
Meu coração que bate tão frio
Eu só queria dizer-te mais uma vez
Todas aquelas palavras que não salvam
Tocar com os dedos de remorso tua tez
Beijar teus lábios que não mais falam
Se eu pudesse apagar as manchas
Deste quadro torto e deformado
Oh, meu bem, essas dores tantas
Iriam ser jogadas d’outro lado!
Seu coração fechou, sua alma morreu,
Meu pulmão parou de respirar veneno.
Sinto-me tão sujo, tão pequeno,
Sinto-me no abismo de Prometeu.
Que dilacere meu ínfimo, que me mate,
Mas não tire o coração da minha Branca de Neve,
Ela, que se perdeu nessa floresta, ela leve
Consigo meu coração que não mais bate.
Esse clima pesado e hostil,
Ela indo lentamente embora
A paz escapulindo de minhas mãos.
Eu, miserável criança vil,
Choro de hora em hora
Todo o meu amor proclamado em vão.
Eu só queria te dizer mais uma vez.
Eu sinto muito.