Eu nunca, nunca
tive um ombro
onde encostar a cabeça
quando sobre mim desabava
a tempestade!
Eu nunca, nunca
Senti uma mão
alisar-me o cabelo
quando as ondas alterosas
agitavam o meu peito
Eu nunca nuca
Tive ninguém
Nem um beijo
Nem um braço sobre os ombros
Que me acalmasse os soluços
Eu nunca nunca
Escutei de alguém
Não chores mais e descansa
que na vida tudo passa
Eu nunca nunca
tive pai, marido, mãe
A não ser para suportar
Nos meus frágeis ombros
Os males de tudo e de todos