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Estas lágrimas
Que choro calada
São lágrimas cansadas
Da renúncia diária...
Esta palavra
Gritante, escavada
Da pedra de meu coração
É a palavra escrava
Desta ordinária sensação
De desmerecimento...
Este peito arfante,
Agonizante carrilhão
Desafina ao tom da rotina
A coroar meu semblante
Avesso à multidão...
Somente esta desolação,
Este descompasso,
Este frio abraço
Da incompreensão
É capaz de amenizar
Tal horrenda condenação...
Estas lágrimas
Bravias, caladas, frias
Choram a vida arredia
Que optei por viver...
Estas lágrimas
Ácidas, negras, doentias
São as navalhas, anomalias
Que povoam a minha visão...
E já não posso ver
Pois cadeados impedem...
Já não posso ver
Meus grãos de areiam se perdem
Neste mar de resignação...