MURALHA INVISÍVEL
Não consigo ver
Apenas sinto as palavras
Sumirem no vácuo
Do teu silêncio infinito
A Minha alma se desmancha
Em forma de gotas que escorrem
Na minha face contraída
Dorida.
Minha visão só alcança o céu
Índigo coberto por nuvens
Que escondem as estrelas.
E perdida
Sem guia
Tento uma saída
Para não retornar ao passado
De um sonho já sonhado.
Mas, meus pés esbarram
Na muralha do teu silêncio
E minhas mãos empurram o nada
O ar em sopro não ecoa
Retornando para mim viciado
Pelo limite do tempo.
Machucada aperto o peito
Tentando salvar o ritmo da batida
Do meu coração descompassado.
Desistir é voltar o olhar
Para o caminho que já fiz...
Sem forças
Sem nada
Sem pedra
Sem espada
Sem raio de luz
Que invada
Que abra
Que rompa
Que fure
Que quebre
A muralha do silêncio
Que é vácuo
Mas existe
Que é real
E insiste.
E sentida
Me impede de seguir
Avançar
Aprisionando minha vida
Na corrente do tempo sofrido
Presente,
sem mais...
Me rendo.