A NOITE DO RATO

Certa noite, estando eu a pernoitar

Na penumbra da escuridão,

No interior de minha alcova

Acomodado sobre um rústico papelão,

De repente; um ruído, uma palpitação.

Escutei ruídos, mas não dei importância

Pensei: deve ser algum bicho de estimação,

Talvez alguma barata, lagartixa ou morcego,

Ou qualquer outro bicho do meio social

Quando de repente, senti uma mordida

No dedo da minha mão.

Joguei a mão para cima, n’um forte balanço,

E percebi que alguma coisa havia caído

Dentro de uma caixa de papelão,

Que ali estava por acaso, sem perceber,

Eu fui então verificar, e qual meu espanto!...

Era um rato, que lá estava me olhando tentando fugir ou se esconder

Mas eu o cerquei mesmo na escuridão.

Não dando chance a ele

De fugir nem se esconder

Cerquei o pobre infeliz comilão

E o dominei e sufoquei,

Assim assassinei o sócio do meu espaço

Como tudo ocorreu? nem sei;

Só sei que em meio ao meu desespero

Perdi assim um companheiro

Que era um dos bichos de estimação.

A minha insignificância era tamanha

Que até os bichos tentaram me comer,

As baratas me lambiam a cara

O ratinho virou um monstro

Minha vida assim perdeu o sentido de ser .

Naquela noite, parecendo eu um indigente

Jogado no chão coberto com um trapo

Que até os bichos queriam me comer,

Na penumbra de minha alcova

Tendo por companheiros os bichos,

Os amigos do meu convívio

No macabro mundo do meu viver.

Vivia então desejando deitar-me

E nunca mais acordar, Pois para viver assim

Melhor seria morrer.

J. Coelho

José Coelho Fernandes
Enviado por José Coelho Fernandes em 12/10/2011
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