MEU CORAÇÃO DESISTE
Não quero ser triste,
mas a densa melancolia
tanto e tanto insiste
que meu coração,
acanhado, desiste
e a tristeza persiste
Não se origina de ti
essa amargura
que outrora até foi
manancial de doçura,
mar de enlevo,
tamanho e deslumbrante
oceano de ternura?
Por onde erras alegria
que já não me preenches?
Te escondeste na poesia,
chegaste ao fundo do poço,
fugiste da simpatia,
evaporaste no tempo,
morreste na travessia?
Quanto brotar de amor
quando eras minha,
quanta explosão de ardor
nos deleitando sob lençóis,
quanto ímpeto de fulgor
nos momentos de carinho,
quanto querer e desejo!
Se foi no entanto
esse paradisíaco deleite
nas brumas da dor sumiu
na noite escura fluiu
mesmo a saudade anuiu
nas asas da tristeza
simplesmente partiu