NÃO VEJAS MEU AMOR
Todas as vezes que eu sorrir, favor notar que estou chorando
Por mais que eu seja visto caminhando, me sinto a declinar
Quase a ponto de já nem mais sonhar, dormindo quando acordando
Desistindo ao mesmo tempo que tentando - talvez pra me enganar!
Faço de conta que o doce dos frutos não me abandonou
Que a indesistível lágrima que rolou, não me fez inumeráveis visitas
Que por trás das linhas escritas não existe um grito que calou
Faço de conta que o destino me falou que essas dores não são infinitas!
Finjo-me sóbrio, mesmo flagrado pela crise que me acusa de ébrio
Inebriado pelo tédio que se traveste do mais apalhaçado semblante
Marionete delirante, guiado pelo mortal veneno de seu remédio
Que acessa a loucura por intermédio de uma serenidade farsante!
E assim eu peço que ao me olhares, favor só não me vejas
Há tantas pelejas dilacerantes aqui, que eu prefiro enganar-te
Levando-te por toda parte, por mais que junto a mim jamais estejas
Te amando, ainda que não sejas a melhor razão para eu amar-te!
************************************************************
Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor