Vagando no vazio
Vagando no tempo,
No espaço andando por não ter chão,
Palavras torpes e até injurias calado ouvia,
E a alma, em triste pranto, sangrava o peito
Rezando orações noviças que nem eu sabia.
Tétrico silêncio calava a voz. Um murmurio frágil
Saia em busca de se fazer ouvir.
Afiadas vozes como frias lâminas
Me feriam a alma em profundos golpes
E a dor mais fria que lascinante
Em desespero chamava as lágrimas
Que moribundas, em gigantesco esforço,
Se faziam fortes.
Chorava, como se o pranto fosse oração,
Juntava as mãos em demente postura
E fugia, corria com passos bêbados
Como se tudo em minha volta fosse loucura,
Assim não me permiti encontrar entre os prantos
Um momento de sutil lucidez que me levasse
À doce surdez para não ouvir
O que em mim, me doia tanto.